Às vezes tenho a impressão de andar por um sonho. A realidade parece existir apenas no que está concentrado dentro da minha mente. Parece que se um raio me atingisse agora, ou qualquer outro acaso interrompesse abruptamente minha existência física, eu ainda continuaria existindo em algum lugar naquela corrente de pensamentos intermináveis. Mas aqui estou caminhando pela calçada, atravesso a rua, ou estou sentada no sofá, ou na sala de aula, ou na cadeira do ônibus, e a "real existência interna" continua sendo intermitente, interrompida por um ruído irreconhecível qualquer, ou um sinal sonoro reconhecível, como meu nome. Difícil mesmo é ter o poder de me auto interromper e dirigir meus esforços para alguma atividade mental ou física que aja sobre o "externo". Coloco entre aspas porque é difícil definir o limite do externo. Aquele pio do falcão que ouvi agora a pouco, ele é externo a minha mente, acontece independente da minha vontade, mas entrou em meus pensamentos. Mas quem disse que o pensar depende exclusivamente da minha vontade? Tem autonomia, e eu existo para dialogar com ele - com o pensamento - e com o "externo" também.
"Dialética", já dizia Platão que é o caminho que leva à filosofia, ao verdadeiro conhecimento. Pois meu caro Platão, acho ainda que a dialética é o caminho da vida; entre o "interno" e o "externo", e não que seja o caminho certo ou errado, sem julgamentos morais aqui. É o caminho possível, e me serve de consolo apenas entender, mesmo que por toscas categorias do meu universo cognitivo, que assim funciona.
Obrigada senhora Dialética! ^^
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