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segunda-feira, 28 de março de 2011

"O homem é um animal rítmico"...(parte1)


Marcel Mauss afirmou. E ora, como não, se inclusive como Eliade disse: "Enquanto tivermos noite e dia, inverno e verão, eu acho que o homem não pode ser mudado. Queiramos ou não, somos parte do ritmo cósmico. Pode-se mudar valores. Os valores religiosos da comunidade agrícola -- verão, noite, semear -- não são mais nossos; porém o ritmo ainda persiste: luz e sombra, noite e dia. Até mesmo a pessoa mais a-religiosa viva ainda existe dentro do ritmo cósmico...".
E Mauss dizia que o ser humano é peculiarmente um "animal rítimico" como poucos são.
Bem, é uma constatação óbvia mas extremamente perspicaz. E se começarmos a tomar consciência de nossos "ritmos", como alguém que toma consciência de uma música na qual se começa a dar os primeiros passos de dança? [fica a pergunta]
É. o "Cosmos" emite ritmo, que se expressa temporalmente em nossa dimensão. (Mas ritmo não é apenas um padrão de repetição temporal, sua essência está mais para "tempo vivido" -- veremos mais na parte 2). E nosso corpo, nossa mente, nosso espírito (ou tudo isso conjugado, holisticamente, porque essa divisão é na verdade um artifício da ciência cartesiana), responde a esse ritmo, integra-se a ele, é conduzido e constituído ritmicamente.
É interessante notar como esta noção está presente no saber e na prática de religiões ancestrais; a origem pneumática da criação, as práticas rituais e místicas que envolvem técnicas de ritmo (respiração, toque de instrumentos - tambores por ex., etc)...!

Essa foi apenas uma apresentação do assunto. Na parte 2 veremos esse tema mais detalhadamente.

~~Bons Ventos~~

5 comentários:

Mosca disse...

Amei! :)

introdução sublime.

Lu Falcoa disse...

Obrigada Mosca!! ~~ vem mais por aí, idéias em ebulição...

Ana Luiza disse...

Perfeito,.Acreditemos ou não,sofemos a influência do nosso meio,somos fruos,extensão e vítimas dele.

Mosca disse...

Oba! :)
Fico no aguardo para a próxima explosão sublime ..

Anônimo disse...

veio astrologia na minha cabeça. nunca fui de levar isso tão a sério, mas já me surpreendo com alguns dados que ela me passa às vezes. (quando vão ler meu mapa astral e essas coisas)

isso da percussão é bem interessante também. eu que faço música eletrônica, sempre notei uma ligação forte entre ela e a batidas primitivas de percussão, que possuem uma espécie de mantra, repetição, que podemos chamar de fractais.
Por falar em fractais, Marcelo Gleiser fala algo interessante sobre isso, que, mesmo os fractais possuindo uma aparência superficial de simetria e ordem, sempre haverão diferenças e divergências dentro desta ordem. Flocos de neves são fractais, mas sempre serão diferentes entre si.