Faz dias que não me sai da cabeça a coluna do jornalista Navarro (que não faz jus ao nome), sobre o caso dos Guarani-Kaiowá. Mas nem vou perder o meu e o seu tempo falando sobre isso, pelo nível do texto, é apenas um querendo chamar atenção e causar polêmica.
Agora, outra coluna que li hoje, do Dr. Luiz Pondé, entristece-me. Não apenas pela sua clara posição, mas especialmente por ser um "pós-doutor" da área de Filosofia, alguém que a gente imagina poder ter horizontes muito mais abertos, ou menos limitados. Se pessoas desse cacife tem uma visão tão raza sobre a sociedade e suas "necessidades", imagina por aí! Tenho visto uma avalanche de comentários na internet (presumivelmente de pessoas educadas, de classe média, no mínimo) que me soam tão absurdas e hipócritas que eu desejei muitas vezes ser uma minhoca embaixo da terra: cega, surda e muda.
Apesar do Doutor Luiz parecer mais preocupado em criticar o pessoal do facebook que aderiu à campanha em prol da causa Guarani-Kaiowá, na minha
interpretação, seu argumento chave no texto seria que: deveríamos deixar os índios serem incorporados à nossa "civilização", como se esse fosse o caminho "natural" a ser seguido, o caminho da homogeneização social e cultural. (leia o texto original aqui)
Será?
Será que é positivo para humanidade o fim de todas as outras formas de viver diferentes da nossa?
Será que é certo obrigar os povos indígenas a adotarem o nosso estilo de vida? E se eles fossem o poder hegemônico (como nós atualmente somos), gostaríamos de ser obrigados a adotar o estilo de vida deles?
E a importância da existência das comunidades indígenas para a preservação do meio ambiente? Ninguém pode negar que, tirando casos isolados, esses povos tradicionais vivem uma espécie de simbiose: eles precisam do meio ambiente tanto quanto o meio ambiente precisa deles (no sentido de que sem eles, a floresta já teria virado pasto).
Como o próprio autor do texto sugere, índio quer iphone. Sim, e por que não? No que um iphone, uma televisão, uma câmera, uma roupa, falar português, vai fazer o sujeito menos índio? (E não me venha com a resposta "aculturação", atualize-se esse popular conceito está ultrapassado)
Concordo com ele, que devemos acabar com a ideia romântica do índio puro e sem malícias. Índio é gente, como eu e você -- índio é gente que merece o respeito de continuar sendo índio, e DEVE ter todo apoio estatal para isso, pois, na minha humilde opinião, devemos ter um Estado e um mundo plural, rico em variedades de perpectivas. Ou estaremos fadados à desumanidade...
Do fundo do meu coração, olhando para o exemplo de meu chará mais graduado, um filósofo desse quilate, prestando esse desfavor a humanidade me reforça apenas um sentimento:
pegar todos esses diplomas, fazer uma fogueira e ficar com a sabedoria do pajé.
Agora, o que paganismo tem a ver com isso?
- Acho
importantíssimo que a comunidade pagã se antene nessas questões, pois
além dos povos indígenas serem os "ancestrais vivos dessa terra" (e não
devemos nós pagãos, por princípio, honrar os ancestrais???) eles também
representam uma minoria étnica, assim como nós, pagãos, representamos
uma minoria religiosa... ou seja, minorias unidas = menos chances de
serem esmagadas pela maioria hegemônica.
Para se informar mais, leia e veja:
- Uma das notícias sobre o caso dos Guarani kaiowá
- Artigo sobre relação dos Guarani kaiowá com sua terra sagrada (tekoha)
- Reportagem que dá um apanhado geral de quem são os povos indígenas no Brasil e o que nós, os "brancos" pensamos sobre eles. "Índios no Brasil - quem são eles?"
~bons ventos~
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